
Barrão, 2018
Realizada em parceria com Fortes D'Aloia e Gabriel
Texto curatorial: Agnaldo Farias
Período expositivo: 06.04.2018 - 18.05.2018
Até agora bem poucas pessoas sabiam que em São Paulo, no cruzamento de duas ruas movimentadas, abrigada num casarão cercado por muros altos, havia uma coleção surpreendente pela vastidão e diversidade. A coleção Ivani e Jorge Yunes faz lembrar o “Museu de tudo”, o livro em que João Cabral de Melo Neto abandonou seu gosto por estruturas coerentes e monolíticas para dar vazão ao seu apego pelo diverso. São 5 séculos de pinturas, e mais livros, marfins, tapeçarias, gallets, porcelanas, jóias, conjuntos soberbos de peças asiáticas e africanas, da forte presença do nosso barroco etc etc.

Projeto Caixa de Pandora, 2018 © Everton Ballardin
Com a finalidade de demonstrar a força do passado no nosso presente, Camila Yunes Guarita criou o Projeto Caixa de Pandora, destinado a convidar artistas contemporâneos, colocando suas peças em alguns dos ambientes repletos de antiguidade, como que a fazê-las despertar de seus sonos respeitáveis.
O primeiro convidado não podia ser mais adequado: Jorge Velloso Borges Leão Teixeira, o Barrão.
O primeiro convidado não podia ser mais adequado: Jorge Velloso Borges Leão Teixeira, o Barrão.
Uma das principais figuras dos anos 80, o carioca Barrão é um dos principais intérpretes da nossa cultura. Ao contrário dos artistas modernos que propunham um mundo fundado numa ordem coerente, Barrão, que também é músico, sabe que em tempos transnacionais, o que há, cada vez mais, é bricolagem, pastiche, sampleamento, copy/paste, plágio e outros procedimentos que o mundo acadêmico chama de intertextualidade. Que o que chamamos de cultura é um todo fragmentado constituído por cacos de civilização: hábitos, objetos, noções, palavras… que se vão chegando, tomando conta de nossas casas, nossas roupas, nossas comidas, nas playlist onde combinamos Jay Z com Jackson do Pandeiro, no churrasquinho que é
vendido na rua, logo ao lado do restaurante responsável pela confecção dos mais finos sushis.

Projeto Caixa de Pandora, 2018 © Everton Ballardin
Os empilhamentos de Barrão, as esculturas feitas de uma proliferação de fragmentos organizados e soldados de objetos com distintas origens – peças vagamentes surreais, remotamente pop, em qualquer caso absurdas -, faz desse artista um dos mais argutos comentaristas da vida contemporânea, onde forças oblíquas, desencontradas, vão se intercambiando, puxando-nos de um lado para outro. E nós, fascinados, como imãs que somos, como previu Oswald de Andrade reagimos canibalisticamente: “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago”. Parafraseando o outro Andrade, o Mario, pai de Macunaíma, “Salve Barrão, herói da nossa gente.
Sobre o artista
Barrão (Rio de Janeiro, 1959). Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Desenhista, pintor, escultor, artista multimídia. Autodidata, inicia sua carreira artística com o Grupo Seis Mãos, 1983-1991, formado com Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O grupo desenvolve atividades com vídeo, pinturas ao vivo, shows musicais e performances e promove o projeto Improviso de Pintura e Música, em ruas, praças públicas, faculdades etc. A primeira exposição dos três artistas teve lugar em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Neste ano, Barrão participa das mostras Arte na Rua I e Pintura! Pintura!, ambas na mesma cidade. Em 1984, realiza a primeira individual, Televisões, na Galeria Contemporânea, e participa da coletiva Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Recebeu o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília, em 1990. Realiza, com Sandra Kogut, os vídeos 7 Horas de Sono e A Geladeira. Faz ainda vinhetas eletrônicas para televisão, trabalhos de cenografia e capas de discos. Criou, em parceria com o artista Luiz Zerbini, o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler e o produtor musical Chico Neves, o grupo Chelpa Ferro, em 1995, que trabalha com escultura, instalações tecnológicas e música eletrônica.
Barrão (Rio de Janeiro, 1959). Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Desenhista, pintor, escultor, artista multimídia. Autodidata, inicia sua carreira artística com o Grupo Seis Mãos, 1983-1991, formado com Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta. O grupo desenvolve atividades com vídeo, pinturas ao vivo, shows musicais e performances e promove o projeto Improviso de Pintura e Música, em ruas, praças públicas, faculdades etc. A primeira exposição dos três artistas teve lugar em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Neste ano, Barrão participa das mostras Arte na Rua I e Pintura! Pintura!, ambas na mesma cidade. Em 1984, realiza a primeira individual, Televisões, na Galeria Contemporânea, e participa da coletiva Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Recebeu o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília, em 1990. Realiza, com Sandra Kogut, os vídeos 7 Horas de Sono e A Geladeira. Faz ainda vinhetas eletrônicas para televisão, trabalhos de cenografia e capas de discos. Criou, em parceria com o artista Luiz Zerbini, o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler e o produtor musical Chico Neves, o grupo Chelpa Ferro, em 1995, que trabalha com escultura, instalações tecnológicas e música eletrônica.
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